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De Volta à Roma

Detalhes sobre essa foto no fim do texto. E nada de descer a barra de rolagem, tem que ler tudo!

“Feliz Natal!” Assim mesmo, em português. Pronunciado pelo Papa Bento XVI em umas 200 línguas diferentes, no dia 25 de dezembro, da sacada da Basílica de São Pedro. E quando um determinado grupo de um determinado país escutava o Papito falando na sua língua, isso era, naturalmente, comemorado como um gol. E ver a Praça de São Pedro completamente lotada continua sendo uma sensação fantárdiga!

A volta a Roma tinha 3 objetivos principais, além do objetivo óbvio, ir a Roma porque Roma é Roma e ponto final. Independente se está fazendo frio ou calor, se é a primeira ou a vigésima visita, se você vai sozinho ou acompanhado. Onde é que eu tava? Ah… os objetivos. Eram eles:

1 – Otimizar um roteiro em que fosse possível ver os principais pontos turísticos em dois dias. A Carol, uma amiga (linda) de BH, estaria em Roma por três dias, como parte de um super-tour pela Europa com mais outras duas amigas. A Aline, que eu já inclusive conhecia, e a Ana, que eu conheci lá.

2 – Consertar alguns erros que eu cometi na primeira visita, como por exemplo, não ir no Castel Sant’Angelo, não chegar nas margens do Tibre, não tentar ver a chaminé da Capela Sistina, não entrar no Museu do Campidoglio, não ir em Piazza Navona, só pra falar alguns…

3 – Seguir o Caminho da Iluminação de Galileu de acordo com o livro “Anjos e Demônios” e localizar os quatro altares da ciência. Tá bom, tá bom… É ficção… Mas tá tudo lá, custa parar pra ver?

Peguei o bus que faz o trajeto Lecce-Brindisi às 5:35 pra chegar cedo no aeroporto pra resolver um problema. Como fazer tudo que eu ia levar caber em uma mochila só, pra não pagar excesso de bagagem. Não cabia. Driblei a situação vestindo todos os meus agasalhos, levando o maiorzão na mão e enfiando dentro das mangas dele meu sapato, que eu levei para ano novo e pra eventuais saídas na night. Nível absurdo de pobreza. Mas pra quem eventualmente for viajar de Ryan Air e precisar de dicas chinelais, pra não pagar 40 euros, pode deixar que eu ensino depois…

Cheguei no centro de Roma por volta das 11:00 e de cara reconheci a rua que levava ao hotel que eu tinha ficado da última vez, 6 anos atrás,  e que eu iria ficar de novo. Como meu cérebro é capaz de uma coisa dessas e de ao mesmo tempo esquecer meu cartão de crédito no McDonald’s da estação de Termini (mais detalhes um pouco mais à frente) eu nunca vou entender… Deixei a mochila lá e fui procurar a Chiesa di Santa Maria della Vittoria, onde está a estátua “O Êxtase de Santa Tereza” de Gianlorenzo Bernini, escultor italiano do Século XVII. Algumas das obras de Bernini fazem parte do item 3. Apesar de ser amigo pessoal do Papa Urbano VIII e “escultor oficial” do Vaticano, Bernini fazia umas esculturas meio… sexies… Essa era uma delas…

Foi difícil achar a igreja porque ela, como tudo que eu quero visitar quando faço uma viagem, estava reformando e assim era difícil diferenciar a fachada ou ler o nome dela em algum lugar. E quando eu finalmente achei, descobri que estava fechada e que voltava a abrir no fim da tarde. Voltei no hotel pra fazer o check-in que eu ainda não tinha feito por ter chegado lá antes de 13:00, deixei as coisas no quarto e voltei pra rua. Passei com calma pela Piazza della Repubblica, já que da vez passada passei correndo porque tinha começado a chover, e finalmente consegui entrar em Santa Maria della Vittoria. Bem modesta a igrejinha, mas no fundo à esquerda… Não entendo nada de arte, mas sou capaz de apostar meu braço que o Bernini só perde pro Mike nesse negócio de tirar gente de dentro dos blocos de mármore. Seguramente o pedido da Igreja foi que ele representasse o êxtase de Santa Tereza ao ter uma experiência divina. Dá uma olhadinha na foto aí embaixo… Olha o que Gianlô fez…

O Êxtase de Santa Tereza, Gianlorenzo Bernini

Depois de andar um pouco por essa região, à noroeste da estação de Termini, onde eu não tinha ido muito da outra vez, e localizar um dos quatro altares da ciência do filme (item 3), voltei pro hotel e depois fui encontrar com as meninas, que chegavam às 18:30 no Fiumicino. De acordo com meus cálculos somando imigração com a ida até o centro de Roma elas só chegariam lá pelas 21hs. E foi marromeno isso mesmo. Saímos todos pra comer alguma coisa bem rapidinho, pra descansar porque no dia seguinte tinha o Coliseu, o Foro Romano e o Vaticano.

No dia seguinte, o dia 24, de manhã começou a via-crucis. Se sou eu o encarregado de uma expedição, o ritmo é frenético, mermão! De manhã, fui guiando as meninas pelo mesmo caminho de 6 anos atrás, em que eu vi o Coliseu surgir todo bonitão por entre dois prédios. De diferente no Coliseu, só a mostra de arte do interior, mas ela sempre é diferente mesmo. O tema era Nero, mesmo com o prórpio nunca tendo entrado no Coliseu, construído depois da sua morte. Na época de Nero, no lugar do Coliseu ficava um piscinão gigante. Aprendi andando pelas cidades romanas que as thermas eram coisa séria. Eles curtiam uma sauna… Mas o piscinão de Nero era só de enfeite mesmo. Esse curtia uns adornos. Um jóquei de jibóia…

Saindo do Coliseu fui, carregando o povo, pra onde eu achava que era a entrada do Foro Romano. Ou pelo menos onde ela era. Não é mais. E fomos descobrir isso depois de uma longa caminhada, que nos deixou sem mais tempo, porque já tínhamos os ingressos do museu do Vaticano comprados, pras 12:30h. Pega o metrô pro Vaticano (Roma tem 2 linhas de metrô… DUAS!!!!!! Londres, Paris, Madrid, Barcelona, Berlim, têm mais de 10. Roma tem duas. E sempre imundas!), retira os ingressos, almoça no restaurante do museu, que nem é tão caro pra um restaurante que fica dentro de um dos países (talvez o mais) ricos do mundo, e pica a mula pra Capela Sistina. Eu ficaria olhando pra aquele teto até o pescoço travar… Êita Mike…  E nós tivemos que fazer o trajeto até a Capela Sistina (que os cardeais faziam a cavalo antigamente de tanta preguiça) 2 vezes. Isso porque nós queriamos sair pela saída que liga a Capela diretamente à Basílica de São Pedro, mas descobrimos que se saíssemos por lá eu não poderia voltar pra pegar minha mochila, que tinham me obrigado a deixar no guarda-volumes. O jeito foi dar a volta… Uma senhora volta, com direito a chuva no trajeto de volta à Praça de São Pedro.

O salafrário do guardinha do Museu do Vaticano falou errado o horário de fechamento do interior da Basílica de São Pedro, que fechava mais cedo no dia, devido à Missa do Galo. Não deu pra entrar na basílca. O jeito foi ir para as margens do Tibre, passando pelo Castel Sant’Angelo, até Piazza Navona. Antes, porém, uma olhada na arquitetura da Praça de São Pedro, mais precisamente no obelisco e nos adornos que representam os pontos cardeais (bate o carimbo do Item 3!! West Ponente, o altar número 2!). Quem fez? Oh yeah! Bernini!

Andar pelas margens do Tibre, ver o Castel Sant’Angelo de perto, ver a “Fontana dei Quattro Fiumi” (a Fonte dos Quatro Rios) em Piazza Navona. Porque mesmo que eu não fiz isso da outra vez? Sei lá… Sei que é bonito! As barraquinhas estilo “feira hippie” avacalharam um pouco o visual da Piazza Navona, onde ficam várias embaixadas, inclusive a brasileira, mas e daí? Parada obrigatória pra quem vai a Roma. E tem muitos bons restaurantes na vizinhança! A gente até parou pra conferir um deles! As três fontes da praça são espetaculares!!! Perguntinha… Quem fez elas? Será que foi o Bernini? Então… Foi…

O plano era voltar pro Vaticano e assistir a Missa do Galo, nem que fosse pelo telão. Mas eu tinha matado as pobres-coitadas de tanto andar e elas colapsaram quando chegaram no hotel, depois de uma passadinha no Pantheon (nunca tinha reparado que o “óculo” do Pantheon é completamente aberto. Se chover, chove dentro da igreja e o chão no centro é côncavo pra fazer escorrer a água) e na Fontana di Trevi. Somado à isso, Roma, uma cidade de quase TRÊS MILHÕES de habitantes, desativou TODO o seu sistema de transporte na noite do dia 24, a partir das 21:00. Me restou fazer uma caminhada de 40 minutos forever alone até o Vaticano. Decidir voltar pro frio e fazer esse cooper até a Praça de São Pedro não foi fácil! Precisei de gente me incentivando a fazer isso. Pena que as principais incentivadoras não vão ler isso. Uma odeia blogs! A outra só entende 5 palavras em português: “Ai se eu te pego!”.

Valeu a pena! Cheguei no exato momento em que a Missa do Galo, celebrada pelo Papito em pessoa, começava. Os ingressos se esgotam em setembro, vi tudo pelo telão, comendo um Panino. Liguei pra minha mãe, pros meus amigos, tentei dividir o momento com o máximo de gente que eu pude. Não vou nem tentar colocar em palavras o que é estar na Praça de São Pedro na noite de Natal. Vou até passar pro próximo parágrafo…

No dia 25 continuei matando as meninas de tanto andar. Vaticano pela manhã, assistimos uma missa DENTRO da basílica às 10:00, mas não foi o Papa que celebrou. E na saída, Papito deu a benção de Natal da sacada da Basílica, que a gente assistiu de pertinho. Depois fomos de volta às margens do Tibre em direção à Piazza del Poppolo, onde eu tinha passado o ano novo de 2005 pra 2006. Na época ela estava reformando, dessa vez deu pra ver as igrejas gêmeas e o obelisco lindões, já restaurados. Carimba o item 3 aqui pra mim! Na praça fica a Chiesa di Santa Maria del Poppolo e dentro a Capela Chigi, desenhada por Rafael, ele mesmo, a tartaruga ninja. O altar número 1. Que eu não pude ver… Restaurando… =(

Piazza di Spagna, Monumento a Vittorio Emanuele II, Piazza Campidoglio (onde tem a loba amamentando Rômulo e Remo) e a vista do Foro Romano by night fecharam o tour de Roma pras meninas. Missão cumprida. Tudo de mais espetacular que Roma tem pra oferecer em 2 dias! Teve um pequeno custo… Bolhas no pé e ódio mortal da minha figura pra sempre. MATEI elas de tanto andar! A Carol, que teve que ser amparada depois que as botas fashion destruíram seus pés (eu sou véi-de-guerra… fui de tênis de corrida, com amortecedor e terminei o percurso zero-bala) e hoje em dia ela não fala mais comigo! Só que isso se deve aos ares de Paris, que ela anda respirando e o francês que ela anda aprendendo, tudo isso vai deixando aquele narizinho minúsculo empinado! Mas que elas viram Roma elas viram! Na volta pra casa demos uma parada no McDonald’s em frente à estação de Termini. Paguei no cartão e fiz o favor de esquecer ele lá.

No dia seguinte, logo de manhã, depois de perceber a ausência do cartão na carteira, “freak the hell out”, pensar que ele tinha ido pro lixo, mas lembrar que eu nunca tinha pegado ele de volta da máquina e portanto poderia ter sido guardado por uma das atendentes, como de fato foi (yay!!), ajudei as meninas com os últimos preparativos pra ida ao Fiumicino pra pegar o avião pra Berlim. E depois voltei no Foro Romano e na praça do Campidoglio, onde fica a prefeitura de Roma e o Museu do Campidoglio, que é muito bonito! A estátua original da “Lupa Capitolina” e a Medusa de Bernini ficam lá. A Medusa estava emprestada para o museu de San Francisco… Jura? Juro… Depois voltei no Vaticano pra subir na cúpula da Basílica de São Pedro. Consegui veri a Capela Sistina lá de cima, mas não tinha certeza qual era a danada da chaminé por onde saem as fumaças preta e/ou branca, quando fazem o Conclave…

Depois descobri que a vista de Roma, desde o terraço do Castel Sant’Angelo é a mais bonita de todas! Dá pra ver o centro da cidade (onde estão o Coliseu e outros monumentos) e a Basílica de São Pedro de muito perto. Com o Tibre passando no meio. E por acaso o sol inventou de ir embora enquanto eu estava lá em cima. Simplesmente fantárdigo… Continuei margenado o Tibre pra ver a Isola Tiberina, uma ilha no meio do Tibre onde tem um hospital. Uma caminhada pelo Circo Massimo, onde tinham lugar as corridas de bigas da Roma antiga e depois metrô pra casa. Arrumar a mala e deixar tudo no esquema pra mais um migué na política anti-bagagens da Ryan Air.

1 – check!

2 – check!

3 – check!

Na manhã seguinte fui pro aeroporto com a sensação de missão cumprida e de que da próxima vez que eu tiver que andar por Roma ou tiver que mostrar Roma para alguém eu vou fazer isso não como alguém que tem noção de onde ficam os principais lugares ou de quanto tempo e quanto dinheiro se gasta pra chegar até lá, mas como alguém que se sente em casa!

Simbora pra Espanha!

Abraços a todos!

P.S.: Um bônus pra quem leu até aqui (oi mãe!!). A legenda da primeira foto. Nos domingos e feriados eles fecham a Via dei Fori Imperiali, a avenida que liga o Monumento a Vittorio Emanuele ao Coliseu. E se pode andar no meio da rua, com o Coliseu no horizonte. É simplesmente espetacular…

P.S. 2: Narizinho, na eventualidade de você ter chegado até aqui, eu tava brincando, vc sabe, né? =)

Em cima: Carol, Aline e Ana no Coliseu. A Fonte dos Quatro Rios em Piazza Navona e a vista da Basílica de São Pedro do alto do Castel Sant’Angelo ao pôr-do-sol. Em baixo: O Tibre, o Castel Sant’Angelo e o chão do Pantheon molhado depois da chuva.

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2 thoughts on “De Volta à Roma

  1. Valeu pelo passeio. Senseixional!! E os comentários bem humorados no meio do relato fazem a gente ir lendo e quando vê… já leu. Uma experiência e tanto!! Aguardo a Espanha!! Brigaduuuu por compartilhar suas andanças!!

    Posted by Neuza Maria Costa Alves de Pankiewicz | 05/03/2012, 23:23
  2. Adorei! Tenho que ir em Roma contigo apesar de achar que vi quase tudo isso que falou mas nao tenho certeza…. sei que andamos pra caraaaamba mas tambem sou veia de guerra… bota fashion.. nem pensar! Tenis com amortecedor yes… Agora o pessu ter guardado seu cartao foi demas…..! Palmas pros italianos de Termini; que por sinal e’ uma bagunca! fiquei la’ pertim tambem e andei de busao panoramico pq sou preguicosa….. A Italia e’ liiiinda!

    Posted by Claudia | 08/03/2012, 12:28

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