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PRÓLOGO: Barcelona. Una. Dos. Y para siempre.

Barcelona em uma foto. O modernismo de Gaudí em primeiro plano, nas casas do Parque Güel e na Basílica da Sagrada Família, no fundo à esquerda. No centro da foto, La Rambla, cortando o Bairro Gótico, unindo o “burguês” bairro de Gracia ao Mediterrâneo. À direita bem no fundo o “Hotel Vela”, onde eu passei a virada do ano. Faltou só o Montjuic, mas já tem muita coisa na foto, não?

 

“Movistar le desea Feliz 2012”. Foi chegando perto a virada do ano e o slogan da Movistar mudou de “Movistar le desea Feliz Navidad” para esse. O que não mudou foi o fato do plano 3G não ter sido habilitado. Sem internet para matar o tempo enquanto esperava nas filas ou durante os trajetos de metrô por Barcelona, que eu arriscaria a dizer, é a cidade mais espetacular de toda a Europa. Se eu tivesse que escolher uma cidade entre todas as que eu já visitei pra colocar do lado de Belo Horizonte e Buenos Aires, no que diz respeito à afeição, enhorabuena, Barcelona, has ganado tu.

Mas quando eu cheguei na estação de Sants por volta das 20hs do dia 29 de dezembro eu ainda não sabia disso. Eu tinha que me concentrar no e-mail do Romero, sobre como chegar na padaria da esquina da casa dele e tinha só meia-hora pra fazer isso. Ela fecharia às 20:30. Por sorte, o primeiro parágrafo do e-mail era sobre como chegar na estação de Sants, vindo do aeroporto ou de outras estações mais centrais e o trem que vinha de Valência terminava a viagem justamente ali, em Sants-Estació. O e-mail do Romero era preciso, não que as limitações inerentes à minha pessoa não fossem confundir o conceito de subir ou descer uma rua (“saindo da estação sobe a Calle Numancia” porque a rua literalmente sobe, mas a Anta achou uma boa seguir a direção do tráfego, que fluia rumo à praia) sorte que descendo, a Calle Numancia muda de nome. 10 minutos depois localizei a entrada do prédio que seria minha casa pelos próximos 10 dias. Faltava só uma coisa, relativamente importante. A chave. E cadê a padaria que eu não conseguia achar? Liguei pro Romero, que estava em Bruxelas (esse blog ainda vai dar uma passada lá), e ele foi guiando essa pessoa limitada até a padaria. Peguei a chave com a Mariana, a dona, comprei uns muffins, entrei no apartamento e… Bilhetinhos carinhosos espalhados pela casa, dando instruções do tipo senha da internet, onde tem cobertor, toalha, essas coisas que eu não levei porque é impossível quando se viaja de Ryan Air. Dei o vacilo de não tirar nenhuma foto. Entre os bilhetes, um épico, pregado na porta da geladeira: “Tá cheio de cerveja! É pra beber”. Melhor anfitrião ever.

Cansado de correr por Valência e viajar mais 4 horas de trem, o negócio era comer e dormir. E no “comer” eu percebi que esse negócio de catalão, o idioma, é coisa séria. Muito séria. Desci na da pizzaria delivery vizinha à minha nova casa e o dono me fala: “pode escolher os ingredientes, é você quem monta”. OK, peguei o cardápio dos ingredientes. TUDO em catalão. Foi só o primeiro sinal. Achava que o catalão era um análogo aos dialetos locais aqui na Itália. Que era falada mais como segunda língua, talvez em família, como são os dialetos italianos, e que em um ambiente de trabalho ou estudo todo mundo falava entre si em espanhol. Neca. Primeiro vem o catalão, espanhol só em último recurso e o mais impressionante: os catalães falam espanhol com sotaque. E eu fiquei com a nítida sensação que não é um sotaque regional, como mineiro, paulista, gaúcho, carioca ou baiano falando português. É um sotaque de quem não está acostumado com o idioma, que não admite aquilo como seu, até mesmo que se sente forçado a falar.

Minha idéia inicial era dividir o post sobre Barcelona em dois, já que a minha passagem pela cidade ficou dividida em duas com uma breve ida pra Madrid no meio. Mas eu acabei retomando um ponto que ficou esquecido durante a descrição das últimas cidades. Sem perceber o foco dos textos passou exclusivamente para as cidades e eu acho que acabei deixando de lado a minha interação com elas. Os últimos posts foram excessivamente descritivos e pra isso existem guias turísticos. Mas Barcelona inspira. Só de voltar pro dia 29, na chegada em Sants, cada detalhe dos dias na melhor cidade do Mundo implora pra ir pro “papel”. Cada passo dado nessa cidade fantástica ficou guardado. Antes mesmo de começar a falar sobre ela eu já tenho um post. Graças à chave da casa do Romero, ao meu cérebro limitado e ao menu de ingredientes em catalão.

Quarteirões perfeitamente quadrados, obras de arte disfarçadas de prédios, o melhor time de futebol do Mundo, um monte palco de uma Olimpíada, um pintor que merece um museu só pra ele, porto, praia, um castelo, um centro histórico que escapa à sua maneira do clichê intrínseco à designação. A chegada de 2012. A noite por bares peculiares, únicos, dignos de aparecerem em filmes hollywoodianos. A rua que une o glamour e a chinelagem, e só termina (ou começa) quando Cristóvão Colombo apontar pra a América (ou paras Índias? Ou pra Gênova? Eu e o Custela ficamos discutindo: “Pô, a América tá pro outro lado, pra onde é que ele tá apontando, hein?”) . Se realmente todas essas lembranças couberem em “só” mais dois posts, serão dois posts muito, muito longos, mas eu garanto que não é só a minha mãe que vai chegar no final. Quem começar, só para quando acabar.

Barcelona inspira.

Discussion

4 thoughts on “PRÓLOGO: Barcelona. Una. Dos. Y para siempre.

  1. NUssaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!! Isso sim é inspiraçao!!!

    Posted by ive | 08/05/2012, 02:02
  2. tô precisando visitar Barcelona

    Posted by ive | 08/05/2012, 02:03
  3. Vá em frente. Queremos saber mais!! A propósito: você esqueceu a auto-estima em algum lugar por aí? Cuide dela!

    Posted by Neuza Maria Costa Alves de Pankiewicz | 08/05/2012, 04:51

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